sexta-feira, março 19, 2010

Hoje, como há tempos não fazia, parei para ler um jornal (de papel, não de pixels). Lembro bem que há algum tempo perdi a paciência para acompanhar as notícias sobe o Brasil e o mundo.

Afinal, a repetição é tanta, que chamar a coisa de clichê já é um clichê por si só.

Por exemplo nos últimos dias, algumas notícias que me chamaram a atenção na Folha:

  • Na Avenida Paulista, formou-se uma favela onde antes havia 2 quadras de esporte. O espaço estava desocupado, e se não me engano é de propriedade de algum órgão da prefeitura de SP. Aos poucos moradores de rua começaram a se alojar no local, que já conta com mais de 100 moradores. Um casal entrevistado já tem 6 filhos, com uma renda mensal de 600 reais/mes. Os moradores das redondezas reclamam do aumento da criminalidade.

  • O Bancoop (Banco da Cooperativa de sei lá o quê) está sendo investigado por desvio de dinheiro, que inclusive pode ter sido usado em campanha por políticos do PT.

  • No oriente médio, alguém explodiu um carro bomba, matou aprox. 40 pessoas, etc etc etc.


Todo dia é assim: o governo não toma nenhuma (NENHUMA) atitude para evitar o aumento da população desabrigada ou para trazer soluções de moradia; agora fica mais difícil tirar estas pessoas de suas “casas”. Algum político fulano de tal é investigado por desvio de verbas públicas e bla bla bla não dá em nada. Guerra santa. E por aí vai.


Esse padrão já deve se repetir há umas boas décadas. Talvez o que me deixe mais angustiado é a forma como a população ao mesmo tempo sente-se (com razão) impotente frente à estes absurdos, mas também poucos fazem algo para mudar.


Será que no exemplo da “nova favela”, acima, nenhum morador local chegou a fazer uma denúncia, ou será que o órgão responsável pelos terrenos não percebeu nada quando já haviam 20, 30 moradores no local? E porque não fizeram nada? Será que as vítimas de assaltos (ou coisa pior) no local deveriam processar os responsáveis pelo terreno?


E semana que vem, vamos esquecer todas os roubos, assassinatos, suicídios religiosos para acompanhar o julgamento do casa Nardoni. E depois que a sentença for dada, a vida continua, a favela do Vergueiro continua a crescer, mais homens-bomba explodem em algum lugar, mais pessoas são assassinadas por candidatos à Jesus Cristo, e todo mundo discute quem foi expulso do Big Brother Brasil.


Somos um povo preguiçoso, acostumado a condições sub-humanas de sobrevivência e complacentes com um governo mais preguiçoso ainda. E não pense você, que é da classe média-alta, que não se inclui entre os “sub-humanos”. Pois estamos vulneráveis à assassinato por parte de um adolescente em busca de dinheiro para a “pedra” (e que depois vai ser liberado por falta de provas), e portanto somos tão sub-humanos quanto os comedores de lixo.

2 comentários:

Pelegra disse...

Tem meu total apoio nesse post.

Anônimo disse...

Um exemplo gritante dessa preguiça é aqui em Porto Alegre, Hospitais públicos lotados e o povo NUNCA se organiza para protestar...
E tenho a sensação q só eu notei isso até hoje, q falta uma organização popular q se manifeste para exigir mudanças...
A para ficar cômico, 200 profissionais da saude daqui foram para o Haiti...
Marcos MD