Hoje cheguei em São Paulo, para continuar meu tratamento. Na verdade não sei todos os detalhes de como será esta fase, mas o planejamento inicial é uma mediastinoscopia com biópsia do linfonodo mediastinal, e, considerando que o resultado seja o mesmo da primeira biópsia, a sequencia é quimioterapia e TMO.
Do Aeroporto, eu e meu pai fomos direto ao hospital. Após uma espera, soubemos que não havia vagas para internar, e eu preferi ir para o hotel (onde estou agora), pois amanhã é bem provável que haja um leito disponível.
Admito que hoje pensei com preocupação sobre meu caso. Mas também há momentos em que fico plenamente confiante. Seguindo-se uma certa lógica, meu caso trata-se de um câncer curável, em uma boa porcentagem dos casos, e isto é obviamente animador. Mas ao mesmo tempo, o tumor continuou a crescer ao fim do primeiro curso de quimioterapia (6 meses!); apesar de que no início, houve uma redução importante das células tumorais.
Desde que eu peguei resultado do PET-CT na mão, e vi que minha doença havia voltado a crescer, ao invés de diminuir, passei a me sentir totalmente comprometido com meu tratamento. E me refiro à mudanças no estilo de vida. Mudei completamente minha alimentação, estou consumindo diariamente alimentos que comprovadamente possuem propriedades anticâncer, procuro fazer exercícios, e mesmo não podendo trabalhar continua estudando e pesquisando.
Como médico, mesmo em pouco tempo de formado pude perceber a diferença na evolução dos pacientes que acreditavam em seu tratamento, e a partir disso tinha atitudes pró-saúde, e aqueles que era pessimistas e até mesmo tinham vontade de morrer. Acredito que o mais importante, por parte do paciente, é aprender a cuidar de seu corpo, em um mundo que desfavorece esse hábito.
Também penso muito nas pessoas queridas, hoje em especial na minha namorada (Kétlin), que infelizmente não pode ficar comigo integralmente neste momento delicado, mas de quem eu recebo um carinho enorme.
Há poucos dias li o blog de uma pessoa que teve um caso extremamente semelhante ao meu, sendo submetida ao TMO, e atualmente curada. Ler sobre o caso dela me trouxe muito ânimo, pois neste momento, mesmo sendo médico, os livros técnicos parecem muito impessoais quando a pergunta a ser respondida é “o que vai acontecer comigo?”.
Terça-feira, 2 de Março, 2010.
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