quinta-feira, agosto 20, 2009

Diário de um...

Não sei como completar a frase. Os últimos dias têm sido bastante intensos para mim, então pensei que este blog poderia ser o lugar certo para descarregar algumas idéias.

Provavelmente todos já tiverem curiosidade em saber como alguém sente-se quando recebe o diagnóstico de uma doença grave. Não me refiro nem a pessoas próximas ou familiares. Digo de você mesmo.

Agora EU sei.

Sinceramente, pensei bastante antes de começar até mesmo o rascunho deste texto. Não quero "aparecer" ou me promover; não quero uma avalanche de palavras de piedade. Por favor, digo isto para esclarecer meu objetivo aqui, e não como se fosse "deixe-me, estou melhor sozinho".
Espero que à medida que as palavras tomam forma em meu monitor, estes objetivos também desenvolvam luz própria.

No meu dia-a-dia como médico(há 2 anos e 6 meses) e cirurgião (há 6 meses), lido com muitas donças graves e pacientes próximos da morte. Inclusive pacientes sem possibilidade de cura. É claro que acabei desenvolvendo a capacidade de conversar com estas pessoas e seus familiares da melhor forma possível, em minha visão; o diferencial é que na grande maioria são pacientes idoso, muitos dos quais têm total compreensão deste momento, alguns até mesmo o esperam de maneiro muito serena. Mas nas poucas vezes em que tive de transmitir aos pais e família de um paciente jovem a decoberta de doença incurável ou até mesmo óbito, vi reações que estão gravadas até hoje em meu cérebro.

Todas as experiências que tive podem ser pouco frente à um profissional com décadas de trabalho, mas siginificam algo importante dentro de tudo o que sei sobre a medicina e a vida. E mesmo assim, nada poderia me preparar para os últimos dias da semana passada.

Como já falei, não quero aparecer, mas acho que o relato de minha experiência pode ser útil principalmente à todos aqueles que passarem por situação semelhante, com familiares ou com o próprio leitor.

Então, a partir deste post, iniciarei um diário de minha experiência com o câncer, transmitindo as percepções e sensações de maneira mais real possível, sem deixar que o tempo as modifique.

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