domingo, maio 22, 2011

LEITURA

Escrevi este texto há algum tempo, mas só estou publicando hoje. Espero que gostem!

HOJE LEMOS MAIS?

Ou será que lemos menos?

Há muitas décadas atrás, o ápice da tecnologia era o fax. Incrível, poder enviar uma ou mais folhas de documentos através de uma linha telefônica, e ver o mesmo ser impresso às vezes a quilômetros de sua origem.

Hoje, a internet usa as mesmas linhas telefônicas para transmitir e receber infinitos bytes por dia. E mesmo assim, não vejo como esta transmissão de dados binários possa estar tão longe das ondas do rádio, que em certo tempo, faziam nossos pais sentirem-se mais próximos dos acontecimentos distantes.

Mas, será que toda o acesso que a internet nos oferece, à tudo, e ao mesmo tempo, é bom? E digo TUDO, porque a verdade é que temos acesso a muito mais livros/revistas/CDs/filmes/séries/jogos/podcasts do que podemos assimilar em uma vida.

A princípio, sim, é excelente ter acesso a este "tudo". Afinal, é muito melhor do que estar no escuro, como muitas gerações passaram a vida inteira.
Mas temos muito para ler. Todo o dia, nos conectamos, e recebemos toneladas virtuais de emails, tweets, scraps, comentários, e visitamos páginas e blogs… ou seja, passamos muito tempo lendo; mas o que vem à tona é quão rasa é esta leitura. O twitter pergunta o que estamos fazendo, mas você realmente quer saber se aquele seu ex-colega de faculdade está indo ao banheiro? Nos orgulhamos de ter acesso à bibliotecas inteiras, mas estamos lendo mais livros?

Permita-me voltar no tempo mais uma vez… quando os livros eram uma das únicas formas de diversão, de viajar na imaginação. Com certeza, aquelas que tinham escolaridade liam muito mais livros do que nós, hoje. Mesmo assim, sempre existiu a literatura de baixa qualidade, que cresceu proporcionalmente com o aumento da alfabetização. Provavelmente o equivalente atual são os perfis "bizarros" no Orkut: pessoas com o mínimo de cultura, expondo sua intimidade, com direito à grafias sofríveis, e total falta de qualquer conhecimento social/geográfico/cultural. Alguns chamam de "inclusão digital".

Portanto, há muitas décadas, quando se liam mais livros, também se liam materiais de baixa qualidade. E hoje, com o excesso de acessibilidade à qualquer material, investimos pouco tempo em literaturas de qualidade.

Talvez a questão não seja ler MAIS, e sim ler MELHOR.